De repente, sem que nada o fizesse prever, nuvens negras cobriram completamente o céu, dando a sensação de noite apesar de ser meio-dia.
Pisquei os olhos várias vezes até me adaptar às novas condições de luz.
O meu corpo começara a tremer, e atribui essa reacção ao impacto de todos aqueles acontecimentos. Depressa compreendi, porém, que o movimento não nascera em mim, era o mundo que se agitava à minha volta. As surpresas ainda não tinham terminado!
Com o susto abri a mão direita e bagas doces caíram sobre a terra, abandonando o saco. As que não se esborracharam agitavam-se agora num bailado estranho, como que movidas por vida própria. Lembro-me na altura de ter ficado preocupada a pensar que teria de apanhar mais. Que tola!
A árvore abanava agora violentamente, acompanhando o solo.
Agarrei-me com força aos ramos para não ser projectada, rezei para que o meu apoio se aguentasse de pé, e voltei a concentrar-me no que acontecia no campo. Tudo aquilo era assustador, mas ao mesmo tempo fascinante.
Uma enorme fenda, que não parecia ter início nem fim, dividiu ao meio o campo de batalha e, das profundezas da terra, a pedra começou a ser cuspida em golfadas negras, originando uma muralha rochosa que foi crescendo, crescendo, até desaparecer para lá das nuvens. Do céu, ainda turvo pela poeira que se levantara, surgiram vórtices brancos que pareciam sugar os pontos azuis, vermelhos e amarelos, enquanto vórtices mais escuros, movendo-se em sentido contrário, pareciam engrossar a massa de pontos anil.
Por fim a terra aquietou-se e as nuvens dissolveram-se, deixando o sol iluminar uma nova paisagem, em que uma barreira montanhosa se erguia onde antes houvera apenas prado.
Tive muito medo, mas o apelo da curiosidade foi mais forte. Eu tinha de ver com os meus próprios olhos…
Abandonei a segurança da árvore e caminhei cabeço abaixo na direcção do campo onde momentos antes se travara a batalha.
À medida que me aproximava o cenário tornava-se mais impressionante. Sobre o solo empapado de sangue, as miniaturas que vira tornavam-se agora pessoas, cujos corpos e rostos espelhavam a morte, o sofrimento, e a surpresa. Mas o que era verdadeiramente surpreendente é que todos eles tinham uma característica comum: as suas cabeças apresentavam cabelo de cor anil. Não havia sinais de nenhuma outra cor… todos os outros combatentes haviam desaparecido!
– Como era aquilo possível? Para onde tinham ido os guerreiros das outras raças? – interroguei-me.
Nada parecia real. Era como um sonho… mas eu estava bem acordada.
Do campo, o meu olhar elevou-se para a muralha negra, e o meu coração quase parou ao dar-me conta de que aquela barreira era demasiado grande para ser ultrapassada.
– Já não havia caminho de regresso a casa…
Pisquei os olhos várias vezes até me adaptar às novas condições de luz.
O meu corpo começara a tremer, e atribui essa reacção ao impacto de todos aqueles acontecimentos. Depressa compreendi, porém, que o movimento não nascera em mim, era o mundo que se agitava à minha volta. As surpresas ainda não tinham terminado!
Com o susto abri a mão direita e bagas doces caíram sobre a terra, abandonando o saco. As que não se esborracharam agitavam-se agora num bailado estranho, como que movidas por vida própria. Lembro-me na altura de ter ficado preocupada a pensar que teria de apanhar mais. Que tola!
A árvore abanava agora violentamente, acompanhando o solo.
Agarrei-me com força aos ramos para não ser projectada, rezei para que o meu apoio se aguentasse de pé, e voltei a concentrar-me no que acontecia no campo. Tudo aquilo era assustador, mas ao mesmo tempo fascinante.
Uma enorme fenda, que não parecia ter início nem fim, dividiu ao meio o campo de batalha e, das profundezas da terra, a pedra começou a ser cuspida em golfadas negras, originando uma muralha rochosa que foi crescendo, crescendo, até desaparecer para lá das nuvens. Do céu, ainda turvo pela poeira que se levantara, surgiram vórtices brancos que pareciam sugar os pontos azuis, vermelhos e amarelos, enquanto vórtices mais escuros, movendo-se em sentido contrário, pareciam engrossar a massa de pontos anil.
Por fim a terra aquietou-se e as nuvens dissolveram-se, deixando o sol iluminar uma nova paisagem, em que uma barreira montanhosa se erguia onde antes houvera apenas prado.
Tive muito medo, mas o apelo da curiosidade foi mais forte. Eu tinha de ver com os meus próprios olhos…
Abandonei a segurança da árvore e caminhei cabeço abaixo na direcção do campo onde momentos antes se travara a batalha.
À medida que me aproximava o cenário tornava-se mais impressionante. Sobre o solo empapado de sangue, as miniaturas que vira tornavam-se agora pessoas, cujos corpos e rostos espelhavam a morte, o sofrimento, e a surpresa. Mas o que era verdadeiramente surpreendente é que todos eles tinham uma característica comum: as suas cabeças apresentavam cabelo de cor anil. Não havia sinais de nenhuma outra cor… todos os outros combatentes haviam desaparecido!
– Como era aquilo possível? Para onde tinham ido os guerreiros das outras raças? – interroguei-me.
Nada parecia real. Era como um sonho… mas eu estava bem acordada.
Do campo, o meu olhar elevou-se para a muralha negra, e o meu coração quase parou ao dar-me conta de que aquela barreira era demasiado grande para ser ultrapassada.
– Já não havia caminho de regresso a casa…
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